A Fitch Ratings, renomada agência de classificação de risco, reafirmou a nota de crédito da Eletrobras (ELET3) em “AA”, com perspectiva negativa. Apesar da recente elevação nos preços da energia, a agência projeta geração de caixa adicional modesta proveniente da venda de energia não contratada.
Pontos em destaque
- Fluxo de caixa livre: A Fitch prevê que o fluxo de caixa livre da Eletrobras permanecerá negativo, impactado pelos custos da privatização e um robusto plano de investimentos.
- EBITDA: O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da empresa está estimado em R$ 14,2 bilhões para 2024 e R$ 13,3 bilhões para 2025.
- Alavancagem: A alavancagem da Eletrobras deve se manter elevada, alcançando um pico de cerca de cinco vezes em 2025.
- Riscos: A capacidade elevada de geração de energia não contratada expõe a empresa a riscos de preços de energia.
- Privatização: A Fitch reconhece as potenciais sinergias que podem surgir da privatização da Eletrobras, mas alerta para os desafios que a empresa precisa superar.
Fluxo de caixa livre da Eletrobras (ELET3)
O fluxo de caixa livre da Eletrobras representa a quantia de dinheiro que a empresa gera após cobrir todas as suas despesas operacionais e investimentos em capital. Um fluxo de caixa livre negativo significa que a empresa está gastando mais do que ganha, o que pode levar a problemas financeiros no futuro.
A Fitch prevê que o fluxo de caixa livre da Eletrobras continuará negativo no curto prazo, impactado por dois fatores principais:
- Custos da privatização: O processo de privatização da Eletrobras envolve diversos custos, como pagamentos a acionistas minoritários e investimentos em infraestrutura. Esses custos podem pressionar o fluxo de caixa da empresa no curto prazo.
- Plano de investimentos robusto: A Eletrobras possui um plano de investimentos ambicioso para modernizar sua infraestrutura e expandir sua capacidade de geração de energia. Esses investimentos são necessários para garantir a competitividade da empresa no longo prazo, mas também podem gerar um impacto negativo no fluxo de caixa livre no curto prazo.
Apesar dos desafios, a Eletrobras também possui algumas oportunidades para melhorar seu fluxo de caixa livre:
- Venda de ativos: A empresa possui uma carteira de ativos valiosa, que pode ser monetizada para gerar caixa adicional. No entanto, a venda de ativos estratégicos precisa ser feita de forma cuidadosa para não prejudicar a competitividade da empresa no longo prazo.
- Melhoria da eficiência: A Eletrobras pode reduzir seus custos e aumentar sua eficiência operacional, o que contribuiria para um fluxo de caixa livre positivo.
O que é o EBITDA e qual sua perspectiva para Eltrobras?
O EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) é um indicador da lucratividade operacional da Eletrobras, ou seja, sua capacidade de gerar lucro antes de considerar despesas financeiras e contábeis. Um Ebitda alto indica que a empresa está gerando um bom lucro a partir de suas operações.
A Fitch estima que o Ebitda da Eletrobras seja de R$ 14,2 bilhões em 2024 e R$ 13,3 bilhões em 2025. Esses valores indicam que a empresa possui uma boa lucratividade operacional, o que é um ponto positivo. No entanto, é importante observar que o Ebitda não considera os custos financeiros da empresa, como juros sobre a dívida.
O que é e qual é a alvancagem financeira da Eletrobras?
A alavancagem da Eletrobras representa o grau de endividamento da empresa. Uma alta alavancagem significa que a empresa possui um alto nível de dívida em relação ao seu capital próprio, o que aumenta o risco de inadimplência.
A Fitch projeta que a alavancagem da Eletrobras atingirá um pico de cerca de cinco vezes em 2025. Esse nível de alavancagem é considerado alto e pode representar um risco para a empresa, especialmente em um cenário de aumento das taxas de juros.
Para reduzir sua alavancagem, a Eletrobras precisa gerar mais caixa livre ou reduzir sua dívida. A venda de ativos e a melhoria da eficiência operacional podem contribuir para a redução da alavancagem.
Riscos da Eletrobras: A Geração não contratada
A Eletrobras possui uma grande capacidade de geração de energia, parte da qual não está contratada por consumidores. Essa energia não contratada precisa ser vendida no mercado spot, onde os preços são mais voláteis e podem ser mais baixos do que os preços contratados.
A Fitch alerta para os riscos de preço da energia que a Eletrobras enfrenta devido à sua alta capacidade de geração não contratada. Se os preços do mercado spot se manterem baixos, isso poderá pressionar a lucratividade da empresa.
Para mitigar esses riscos, a Eletrobras pode buscar firmar contratos de longo prazo para vender sua energia não contratada ou investir em armazenamento de energia, o que permitiria à empresa armazenar o excedente de energia e vendê-lo quando os preços estiverem mais altos.
Privatização da Eletrobras: Desafios e potenciais sinergias
A privatização da Eletrobras é um processo complexo que pode trazer tanto desafios quanto oportunidades para a empresa.
Desafios:
- Custos: O processo de privatização envolve diversos custos, como pagamentos a acionistas minoritários e investimentos em infraestrutura.
- Incerteza regulatória: A privatização pode levar a mudanças no marco regulatório do setor elétrico, o que pode gerar incerteza para a empresa e para os investidores.
- Oportunidades:
- Melhora na eficiência: A entrada de capital privado e a adoção de práticas de gestão mais eficientes podem contribuir para a melhoria da eficiência operacional da Eletrobras.
- Investimentos: A privatização pode abrir caminho para novos investimentos em infraestrutura e em fontes de energia renovável.
- Acesso a capital: O capital privado pode ser uma importante fonte de recursos para a Eletrobras investir em seu crescimento futuro.
- Incerteza regulatória: A privatização pode levar a mudanças no marco regulatório do setor elétrico, o que pode gerar incerteza para a empresa e para os investidores.
Oportunidades:
- Melhora na eficiência: A entrada de capital privado e a adoção de práticas de gestão mais eficientes podem contribuir para a melhoria da eficiência operacional da Eletrobras.
- Investimentos: A privatização pode abrir caminho para novos investimentos em infraestrutura e em fontes de energia renovável.
- Acesso a capital: O capital privado pode ser uma importante fonte de recursos para a Eletrobras investir em seu crescimento futuro.
A Fitch reconhece as potenciais sinergias que podem surgir da privatização da Eletrobras, mas alerta para os desafios que a empresa precisa superar para que o processo seja bem-sucedido. O sucesso da privatização dependerá da capacidade da empresa de mitigar os riscos e capitalizar as oportunidades que ela traz.
Conclusão
A Fitch mantém uma visão cautelosa sobre a Eletrobras, mas reconhece que a empresa possui alguns pontos fortes, como uma base de ativos significativa e diversificada. O sucesso da empresa na gestão dos seus desafios e na capitalização das oportunidades da privatização será crucial para determinar sua perspectiva futura e a classificação de risco.
Performance recente da Eletrobras
No dia 27 de maio de 2024, as ações da ELET3 negociavam em baixa na B3, com desvalorização de 0,02%, cotadas a R$ 36,20 por papel. No acumulado do ano de 2024, os papéis da empresa registram desvalorização de 13,27%.