A chegada de Guilherme Boulos (PSOL) à Secretaria-Geral da Presidência, oficializada nesta terça-feira, 21, confirma a motivação primária de um movimento que parece mais voltado à militância de esquerda e à polarização política do que à articulação social equilibrada: preparar o terreno para as eleições de 2026.

Boulos, oriundo das fileiras do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), já declarou que sua principal missão será “ajudar a colocar o governo na rua, levando as realizações e ouvindo as demandas populares em todos os estados do Brasil”. A frase, revestida de aparente vocação popular, sugere, na prática, uma intenção de transformar a Secretaria-Geral em um palanque móvel e um instrumento de propaganda partidária e ideológica, mascarado sob o discurso de “ouvir as demandas populares”.
Boulos como Ministro Representa Uma Secretaria-Geral Partidarizada
A Secretaria-Geral, uma pasta central na Presidência, possui um papel técnico e estratégico vital: coordenar a interlocução do Governo com a sociedade civil e promover o sistema nacional de participação social. No entanto, a nomeação de Boulos, figura de forte viés ideológico e um dos principais expoentes da esquerda radical, sinaliza uma guinada perigosa em direção à partidarização do diálogo social.
O objetivo, explicitado pelo próprio PSOL, é que Boulos represente uma resposta a “ofensivas da extrema-direita e do Centrão”, e que sua entrada contribua para “organizar novas mobilizações sociais”. Esta postura não apenas confirma o comportamento enviesado da gestão, que privilegia um setor específico do espectro político (a militância de esquerda), mas também eleva o tom do conflito e da polarização ao designar um líder combativo para uma função que exige moderação e amplitude no contato com a diversidade da sociedade brasileira.
A principal crítica reside no risco de que a pasta deixe de ser um canal de diálogo plural, voltado para todos os segmentos da sociedade, e se converta em um braço de articulação focado apenas em movimentos e redes de base alinhadas ideologicamente, mobilizando-os ativamente para fins eleitorais em 2026.
A troca, que remove Marcio Macêdo para abrir caminho a Boulos fora do calendário eleitoral regular, visa injetar combustível ideológico no governo. Em vez de promover a união ou, no mínimo, o diálogo respeitoso entre as várias correntes da sociedade, a escolha de Boulos sinaliza que o Planalto optou por reforçar a divisão e a polarização como estratégia de sobrevivência política, utilizando uma pasta de Estado como ferramenta de ativismo.
A exaltação do novo ministro ao declarar que levará seu “aprendizado agora ao Planalto”, como político formado nas fileiras do MTST, sugere que o diálogo com o Planalto será conduzido sob a lente de um movimento social específico, em detrimento da neutralidade e da isenção que um Ministro de Estado deveria garantir ao se relacionar com a totalidade do povo brasileiro.
Fonte: Minha missão como ministro será ajudar a colocar o governo na rua, diz Boulos