Por Lucia Mutikani – Reuters
A economia dos Estados Unidos teve uma leve queda no primeiro trimestre de 2025, a primeira em três anos. O motivo? Muitas empresas correram para importar produtos antes que novas tarifas comerciais entrassem em vigor, tentando evitar custos mais altos. O resultado foi um aumento tão grande nas importações que acabou prejudicando o desempenho da economia.
Segundo o Departamento de Comércio, o Produto Interno Bruto (PIB) — que mede tudo o que o país produz — caiu 0,3% entre janeiro e março. Especialistas esperavam um pequeno crescimento de 0,3%, mas os números decepcionaram, principalmente depois que o déficit comercial bateu recorde em março. Ou seja, os EUA importaram muito mais do que exportaram.
No final do ano passado, a economia ainda crescia a um ritmo saudável, com alta de 2,4%. E apesar dos dados mais recentes apontarem uma desaceleração, os consumidores ainda gastaram razoavelmente bem, e as empresas investiram mais em equipamentos. Só que esse movimento de consumo e investimento parece ter sido, em parte, uma corrida para comprar antes que as tarifas deixassem tudo mais caro.
O relatório reforça o descontentamento crescente dos americanos com a forma como o presidente Donald Trump está lidando com a economia, justamente quando ele completa 100 dias de mandato. Trump foi eleito com o discurso de que protegeria a economia americana, mas agora enfrenta queda na confiança tanto do consumidor quanto das empresas.
Muitas companhias aéreas, por exemplo, deixaram de fazer previsões para 2025, citando a incerteza causada pelas tarifas e o possível corte nos gastos das famílias com viagens e lazer.
“O aumento nas importações pode ter sido só um movimento temporário das empresas para se proteger das tarifas. Se for isso mesmo, o segundo trimestre pode mostrar uma recuperação”, disse Carl Weinberg, economista-chefe da High Frequency Economics. “Mas, se as tarifas continuarem pressionando os custos e gerando incertezas, o crescimento pode continuar fraco.”
As importações cresceram mais de 41%, o maior salto desde 2020, quando a pandemia mexeu com o comércio global. Esse aumento superou o crescimento das exportações e tirou quase cinco pontos percentuais do PIB — um impacto enorme. Parte disso veio da compra de ouro não monetário, o que fez alguns analistas alertarem que o dado pode ter sido exagerado.
Mesmo assim, o cenário preocupa. A inflação subiu no último trimestre e deve continuar subindo este ano. Por isso, há expectativa de que o Banco Central americano (o Federal Reserve) corte novamente os juros para tentar estimular a economia.
Na tentativa de aliviar os efeitos negativos das tarifas, Trump assinou nesta semana um decreto que mistura benefícios fiscais com cortes de impostos sobre peças e materiais. Ainda assim, a tarifa de 145% sobre produtos chineses continua em vigor, além de várias outras taxas. Para Trump, essas tarifas ajudam a arrecadar mais dinheiro e a proteger a indústria dos EUA, que vem perdendo força há décadas.
Fonte: Economia dos EUA tem contração no 1º tri após tarifas desencadearem importações